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Capullo é uma agência de produções cinematográficas criada pelos alunos do 5º período de Jornalismo da PUCPR. Gabrielle Russi, Fábio Carvalho, Thauane Mayara, Kamila Meira, Sâmela Rodrigues e Izabela Weber.

domingo, 17 de maio de 2015

O cinema e a espiritualidade

Amanda Penteado
O cinema brasileiro tem retratado com frequência a temática da espiritualidade em diversas produções. A imortalidade da alma, mediunidade, amor transcendente, reencarnação, contato com espíritos, fé, diferentes planos espirituais são elementos muito recorrentes para representar este tema nas telas.

No Brasil, Chico Xavier é o médium espírita mais famoso e que inspirou diversas produções com a temática espírita, como “Chico Xavier, ‘’As Mães de Chico Xavier’’, e “Nosso Lar”, que é baseado em sua obra psicografada. “Chico Xavier” e “Nosso Lar” tiveram mais de 7 milhões de espectadores.
O primeiro filme considerado espírita no Brasil também foi inspirado nele, “Joelma, 23º Andar”, que conta a história de um incêndio que ocorreu no edifício chamado Joelma, o filme foi estrelado por Beth Goulart como personagem principal que morreu no incêndio.


Para a diretora e produtora de cinema Andreia Kaláboa, o cinema nacional encontrou outros nichos de mercado nos últimos anos, além das comédias populares e o universo da criminalidade. “O tema espiritualidade sempre despertou interesse não só no Brasil como no mundo. No Brasil, vejo que ainda é apenas um começo para a exploração dessa temática. Nos últimos anos tivemos uma leva de bons filmes e com sucesso de bilheteria, confirmando a aceitação do público ao tema”.

Segundo a diretora, o tema espiritualidade é muito abrangente e se analisarmos na história do cinema nacional, tivemos o clássico como “O Pagador de Promessas” que, de certa forma, também fala de espiritualidade e fé. “Outros filmes que tiveram um melhor resultado de bilheteria foram filmes atrelados com grandes personagens que tiveram uma história com a espiritualidade, como Chico Xavier, que no mesmo ano teve lançadas duas obras sobre ele. O filme de Bezerra de Menezes e “Aparecida o Milagre””.

Kaláboa que produziu mais de 23 episódios de TV para o “Casos e causos”, da RPC TV, além de longas e documentários, afirmou que em seus trabalhos a recepção do público para filmes sobre espiritualidade sempre foi positiva. “O episódio “Estranhos em Casa”, inspirado em uma história vivida pelos meus pais no ano de 1963, numa casa supostamente mal assombrada, teve uma excelente aceitação que a emissora optou por fazer uma nova exibição, e ele também circulou em alguns festivais com a temática”. A importância de retratar o assunto é o fato de que além de entreter as pessoas, essas obras podem deixar uma reflexão.

Para o teólogo Márcio Luiz Fernandes, a espiritualidade refere-se àquela dimensão que dá o devido respiro ao ser humano, é o sopro da vida e se relaciona com a vontade de sentido e transcendência do ser humano. “O cinema é um fenômeno expressivo e criativo da condição humana, e como toda atividade artística, nos faz ver e desvela a dimensão transcendente do ser humano”.  Para ele, a sétima arte pode refletir o desejo infinito de beleza presente no coração do homem e, por ter a possibilidade de representar nossas situações cotidianas, nos sugere uma resposta a nossa angústia existencial.

Portanto, para Fernandes a espiritualidade no cinema não está apenas nos filmes que tratam desta temática, mas no todo. “O religioso, o espiritual está no nível das perguntas suscitadas e no fato de que o cinema promove o abalo no coração, abrindo uma ferida no pensamento, proporcionando a aceitação de que temos um desejo infinito.”O teólogo acredita que o cinema tem a capacidade de segurar o tempo e pode nos salvar da sensação de insuficiência e desproporção promovida pela arte e pela espiritualidade. “A visão de um belo filme é uma atividade espiritual, pois nos faz descortinar os estratos profundos do ser das coisas e, sobretudo, do relacionamento com a vida. Todas as vezes, portanto, que o cinema abre para as perguntas fundamentais da vida do ser humano - sobre as razões do viver e do morrer, do sentido e do desejo infinito - ele está abordando a espiritualidade”, finalizou.
“Estranhos em casa”, dirigido por Andréia Kaláboa
Texto: Izabela Weber e Sâmela Rodrigues
Edição: Fabrício Calixto
Imagem: Amanda Penteado

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